ESQUEÇA OS ANIMÊS!

Hey galera, bem vindo ao último FAZENDO MANGÁ! Ao longo destes 10 posts eu tentei passar o conhecimento por trás da criação de uma mangá, ou seja, aquilo que você deve pensar antes para começar a desenvolver seu mangá, daqui pra frente as matérias serão mais relacionadas a tutoriais mais exatos e diretos sobre temas específicos do processo de produção do mangá, e não tanto da criação. Então vamos lá!

Você deve ter reparado no título e se perguntado sobre o que eu irei falar nesse último post, e eu deixei o mais importante para o final, não que as outras matérias não sejam importantes, mas acredito que esse é um fator determinante que corrompe a mentalidade brasileira com relação ao assunto mangá e criação de um mangá.

Mas calma, o título é uma jogada de marketing pra ser polêmico, porém ele ainda sim é verdadeiro dentro dos aspectos que irei tratar nesse último post.

Primeiramente, vou tentar expor uma situação que me intriga em relação ao público de cultura POP japonesa daqui do Brasil, estou falando de vocês, que são o público com o qual eu me comunico mais fortemente e posso até mesmo dizer que faço parte, talvez de forma não tão radical, mas sim, sou um de vocês Otakus!

Cena de Naruto inexistente no mangá

Aqui no Brasil, um fator de divulgação dos mangás é o Animê, que são nada mais que animações feitas por estúdios japoneses, muito normalmente e em sua maioria com base em mangás.

Ao contrário do que ocorre no país de criação destas duas mídias, onde o mangá sai antes e com o sucesso do mesmo vem o animê, aqui no Brasil os animês que estão em alta e fazendo sucesso garantem as vagas nas editoras para suas publicações de quadrinhos. Este é um dos fatores que, acredito eu, freia um pouco o mercado autoral de mangás nacionais, devido ao público em sua maioria consumir mais a animação que a HQ, claro que existem suas exceções, mas em sua maioria mesmo os leitores assíduos de mangá provavelmente foram apresentados ao estilo através da animação, e acompanham muitos mangás por terem gostado do animê.

Nada contra os animês, eu também fui apresentado ao mangá através do animê, não posso negar isso, adoro as animações e acho incrível como mídia, um real prestígio para seus criadores e consumidores, posso estar errado, porém isso freia muito as vendas de material internacional que não possui animê, e principalmente material nacional.

Sei que se você está lendo isso aqui no meu site, é porque você é um dos que se interessa em mangás mesmo nacionais, e mais, provavelmente está interessado na criação de um mangá de sua autoria, afinal este é um post sobre criação de um mangá, porém ainda existe uma parcela muito grande de pessoas que realmente não aprecia o mangá e ainda mais, carrega um preconceito extremo quanto à produção nacional de mangás.

E em meio ao público consumidor da cultura POP japonesa, ou a sociedade Otaku se assim preferir chamar, existe o hábito (mal hábito na minha opinião) de se referir a mangá como animê e vice-versa,  eu sei que os dois estão muito próximos já que um se baseia na criação do outro diretamente, mas são duas mídias diferentes, que possuem recursos diferentes e se comunicam de formas diferentes, seria como dizer:

“O filme do Batman Arkham Knight é muito bom!”

Qualquer pessoa não leiga no assunto responderia:

“Não é um filme, é um jogo”.

E é exatamente isso que quero dizer, animê é animê, mangá é mangá, são formas de comunicação diferente, mídias diferentes. Quero que todo mundo entenda isso, e principalmente você que quer fazer um MANGÁ.

Muitas pessoas que querem fazer um mangá tem animês como referencia, não vejo problema nisso, mas como eu tenho dito ao longo deste post, são mídias diferentes, você pode utilizar histórias, personalidades e estilização dos personagens como referencia, mas a forma de se contar a história é totalmente diferente da de um mangá, e se você tentar fazer uma HQ enquanto imagina uma animação, não vou dizer que é um fato certo, mas você corre o risco muito fortemente de não ter uma boa narrativa no seu mangá.

Imagine uma cena de luta, em uma animação, as cenas de combate são muito mais cheias de movimentação e estilização, coisa que para se fazer em um mangá é muito difícil e diria até que é impossível de se fazer tal qual é uma animação, mesmo que você faça parecido, nunca terá o mesmo impacto, pois a comunicação visual de um e de outro é diferente, o impacto que as cenas causam é diferente, um golpe animado e um golpe desenhado tem formas de impacto diferentes. E é isso que você deve entender.

Cena do animê de One Piece – Luffy vs Blueno

Ao longo dos meus primeiros anos de criação de mangá, eu cometia muito o erro de desenhar minhas cenas do modo que eu via em animações, principalmente as cenas de ação e luta, e por sinal eu demorei muito para entender que aquilo não era tão empolgante para quem estava lendo.

Mas onde eu quero chegar com tudo isso?  A mensagem é simples:

SE VOCÊ QUER FAZER UM MANGÁ, LEIA HISTÓRIAS EM QUADRINHOS!

A mesma cena, no mangá necessita de diferentes recursos para causar impacto

Repare que não estou sendo unilateral, não disse que você não deve consumir outras mídias, muito pelo contrário, acredito que você deve sim, assistir à animês, mas não apenas isso, jogue games, leia livros, ouça músicas, veja filmes, esteja em constante contato com obras artísticas para aguçar o seu lado artístico, nunca se sabe de onde virão as inspirações e ideias, quanto mais conteúdo você absorver mais conhecimento terá, e conhecimento é a única coisa no mundo que nunca é demais.

Mas o que quero focar aqui, é que se você quer trabalhar com um meio de comunicação, quadrinhos no caso, mesmo que seja mais focado no estilo japonês, você deve dedicar um tempo maior para a apreciação e estudo principalmente deste meio, um músico deve estudar música, um ator deve estudar atuação, um animador animação e assim por diante, então você que quer ser um quadrinista, o quê deve estudar?

Entenda a sua linguagem o máximo possível, seja um expert na sua área e não a confunda com outras, isso te ajudará a se manter focado e adquirir cada vez mais conhecimento! Mais uma vez eu repito, não estou dizendo para não estudar outras formas de linguagem, todas elas são válidas, são úteis e tem muito que ensinar, porém tente conhecer o que você está fazendo para poder fazê-lo melhor.

Mais uma comparação, desta vez com relação à Durarara! Abaixo, a mesma cena foi representada em 4 quadros

E aqui faço um adendo, mesmo querendo se tornar um mangaká, um autor de mangás, não leia apenas mangás, leia todo tipo de quadrinho, saiba entender as linguagens e ver o que gosta, crie seu estilo, mesmo gostando mais de mangá, ou preferindo esse estilo, é importante você ao menos conhecer os outros, para ter uma mente aberta e uma opinião forte formada.

Se você quer crescer nessa carreira e se tornar um profissional, eventualmente você irá lidar com autores, editores e pessoas que fazem ou preferem outros estilos que não são o mangá, e neste momento você deve ao menos reconhecer o trabalho e gosto dessas pessoas, além de entender o valor cultural que aquele estilo tem sobretudo para quem o faz. Ter uma visão aberta é obrigatório para todo artista.

Espero que você tenha gostado e principalmente entendido o tema e a ideia deste último artigo, e sua importância. Não confunda estilos e aprecie e estude todo tipo de mídia, porém dê um destaque especial para a mídia que você está disposto a fazer, para poder desdobrá-la e conhecer o máximo possível sobre ela, procurando sempre se aperfeiçoar como autor (tanto em matéria de roteiro quanto de desenho).

Muito Obrigado por terem lido essa série, este foi o último post sobre CRIAÇÃO DE MANGÁ

Compartilhe essa série com seus amigos autores e aspirantes, tenho certeza que algo aqui pode ajudá-los.

Tem alguma sugestão para postagem? Algum tema em especifico que seja do seu interesse?
Deixe nos comentários ou vá na nossa área contato e peça seu tema, pois teremos mutia felicidade em ajudar você a realizar seu projeto de quadrinhos.

Até o próximo post galera!!!