#DEFENDAOLIVRO

Diga Não à Tributação de Livros!

Quem acompanha este site sabe que eu nunca falei de política aqui, e espero não ter de voltar a falar, mas saindo do clichê da frase “O ser humano é um bicho político“, todos nós votamos e as decisões e ideias das pessoas que estão nos altos cargos do governo influenciam e interferem diretamente nas nossas vidas.

E uma das decisões que está para ser tomada perpassa diretamente um tema que eu sempre abordo aqui. E por isso eu me vi na obrigação de compartilhar isso com vocês.

Eu estou falando do projeto de taxação de 12% nos livros.

Vamos pular a parte que todos sabemos que o Brasil é um dos países que mais cobra impostos encima de produtos no mundo todo, e que cobrar mais impostos não vai ajudar a resolver nenhum problema.

Ainda mais impostos diretamente na cultura e na educação, que são as grandes forças motrizes para qualquer sociedade se tornar sustentável e virar uma potencia mundial.

A Coreia do Sul não está comandando o mundo com a cultura do K-pop, dos jogos digitais e da tecnologia? Coisas que antigamente eram atribuídas ao Japão. Ela saiu do 3º mundo e foi catapultada a uma grande potencia exatamente investindo em cultura e educação.

Vamos falar como esse projeto interfere diretamente na minha vida e na vida de muitos de vocês, e por ultimo vamos falar como esse projeto interferirá no mercado editorial como um todo e no país.

Um assunto comum aqui no canal e que é alvo de muitas perguntas é:

“Da pra viver de quadrinhos/mangá/livros no Brasil?”

A minha resposta sempre é:

Ainda não, não como renda principal, você consegue ter isso como renda extra e ter outro trabalho, mas felizmente isso está mudando e todos nós quadrinistas estamos lutando diariamente para tornar isso uma realidade, fomentar um mercado de consumo de quadrinhos aqui no Brasil que torne viável se ter isso como profissão.

A positividade de que as coisas estão melhorando vem muito por conta do incentivo que existia por parte dos eventos, de promover artistas nacionais nos chamados “Artist’s Alley” ou “Beco dos artistas”.

Dando a capacidade de vender suas obras à um grande público. E iniciativas de editoras pequenas e médias do Brasil de publicar trabalhos nacionais. Eu mesmo anunciei recentemente o lançamento de Makai Mail pela editora Conrad.

Claro que com a COVID-19 não sabemos qual será o destino destes eventos. E, portanto, não sabemos nada quanto a continuidade dessa ascensão que o quadrinho BR vinha ganhando nos últimos anos.

Com este projeto, o preço dos livros sobe, e eu não sei você, mas eu já acho o preço de boa parte dos livros um tanto caro. O que não é incentivo nenhum para novos leitores.

Impactos para você autor.

Mas colocando em perspectiva, você sabe o valor que um Autor recebe sobre a venda do seu próprio livro/quadrinho/mangá?

10% do preço de capa. (e tem editora que é até menos).

Cerca de 50% fica para o lojista, 15% para a transportadora e 25% para a editora (que arca com custo de impressão, funcionários, marketing e lucro). Se seu quadrinho custa R$30,00 você receberá R$3,00.

Fonte: https://super.abril.com.br/cultura/por-que-o-livro-e-caro-no-brasil/

Neste projeto, o governo irá receber pelo seu livro, mais do que você, Autor, que foi quem concebeu aquela obra. Visto que sua parcela é de 10% e o imposto será de 12%.

Isso impacta diretamente na pergunta mais feita para mim. É possível viver de quadrinhos no Brasil?

Essa nova taxação torna ainda mais difícil o que já parece quase impossível.

Impactos para o mercado editorial

Não é segredo par ninguém que o mercado editorial brasileiro passa por uma grande crise e a Pandemia só a agravou ainda mais.

A maior rede de livrarias do país, a Saraiva entrou em recuperação judicial, vulgo declarou falência em novembro de 2018 (vide fonte), apesar de vermos algumas lojas ainda funcionando, é questão de tempo até elas serem fechadas… Infelizmente.

O não pagamento da Saraiva, por lotes de livros para as editoras gerou uma crise generalizada num mercado que já opera com dificuldade, ainda mais quando falamos de pequenas e médias editoras, que são maioria no país.

Não me entenda errado, a Saraiva não foi a causa da crise ela foi mais um dos sintomas.

Uma grande distribuidora e uma das maiores gráficas também abriram falência e fecharam suas portas em 2019. Repare que tudo isso ocorreu antes do Corona Vírus.

A conta é simples: Aumentar o imposto sobre a publicação de livros influenciará diretamente no preço dos livros, que como eu já disse aqui, não são baratos, e isso por uma série de motivos que não cabe aqui falar.

O aumento no preço de capa diminui a demanda por livros que se torna ainda menos acessível, diminuindo as vendas e, sim, matando aos poucos esse mercado que já está na UTI.

Deixo aqui a indicação de um vídeo EXCELENTE do Pipoca e Nanquim, que fala mais aprofundadamente sobre o assunto:

Como impedir essa taxação?

Está aberto uma Abaixo assinado para que essa decisão não seja aprovada. É meu dever como autor de quadrinhos no Brasil impedir que esta decisão seja mais uma pá de terra na cova no nosso mercado editorial.

E eu me atrevo a dizer que como aspirante a mangaká, autor de quadrinhos ou escritor de livros, é seu dever também.

Aqui está o link para o abaixo assinado:

https://www.change.org/p/defenda-o-livro-diga-não-à-tributação-de-livros

Obrigado por ter lido até aqui. E vamos continuar NA LUTA para que um dia seja sim possível viver de quadrinhos no Brasil!